A Primeira Nação de Oxalá

    História de um Erê (pelo Bahiano Toninho)


     -----Saravá!
     ----- Saravá, meu véio, vim trazer mais uma história, quem você delas faça um livro! Muitas ainda vamos trazer e a história de hoje diz respeito a um amigo espiritual dessa roda, desse trabalho, dessa gira. História curta, mas boa de se saber!
        Você sabe que antigamente se matavam as crianças que nasciam defeituosas e esse costume ainda hoje existe entre os índios desta terra. Na África, onde vivi há séculos passados no lugar em que hoje é a Nigéria, isso era muito sério e existia mesmo. Na minha tribo, porque aqui se diz tribo, mas lá nós dizemos nação, não vi isto acontecer, mas sabia que existia e era assunto sério. A minha nação era regida por Iemanjá, Orixá da Fertilidade, e se acontecia de nascer alguém aleijado, matava-se junto a família, principalmente a mãe, por estar ela em falta com Iemanjá, por não ter cuidado direito de um filho da mãe Iemanjá. Também se tinha medo de pessoas com defeitos físicos, diziam que poderiam ser bruxos ou pessoas punidas por Deus.  A historia que vou contar aconteceu em uma nação la pelas terras da Etiópia, há mais de mil anos e nesse tempo de Cristo, de Oxalá.
     Um casal teve um filho nascido com um defeito físico, sem uma perna, sem o toco da perna do joelho pra baixo. Esse menino estava condenado e não havia sentimento de compaixão, pois o pai mesmo entregava o filho para o chefe da tribo para o sacrifício. Mas esse pai foi especial e atendeu ao sentimento da mulher para que não entregasse o menino para a morte. Sentiu compaixão pela companheira e guardou silêncio sobre o nascimento. 
      Passava o tempo e o povo, que já sabia da gravidez, começou a perguntar se já nascera o menino e coisa e tal ao que ele respondia que sim, mas que era melhor que ficasse quieto em casa, que a mãe não queria ainda apresentar o menino. Com a convivência o pai foi se afeiçoando ao filho, coisa que não é apropriada a um guerreiro nessas circunstâncias. A pressão da comunidade aumentava e o chefe então passou a exigir que lhe apresentassem o filho. Diante dessa insistência, ele revestiu o menino com palhas da costa, tal qual Omulú, orixá ou divindade das pestes que tem o rosto e todo o corpo escondido debaixo de palhas e não se vê nem suas pernas quando anda. Levou o chefe e mostrou o menino vestido assim e inventou uma estória de que esse Orixá exigiu que fosse feito assim para trazer boa sorte à tribo. Avisava que não se lhe retirassem as palhas pois poderia a peste recair sobre o povo e que ele teria de usar essas palhas por muito tempo e se manter afastado do contato com a comunidade. Pelo sim, pelo não, o chefe e seus feiticeiros ficaram convencidos. 
    Sete anos passaram-se e o menino não saia de dentro da casa, mas passou a perguntar o por que de não poder sair da casa e insistia que queria conhecer seu povo também. O pai dizia que não, que esperasse mais algumas luas para sair e ia levando o tempo porque ele sabia que não se sacrificava depois dos sete anos e queria completar passar todas as luas para não ter dúvida nenhuma. No entanto a curiosidade foi maior e uma noite o menino aproveitou o sono dos pais e saiu sozinho a andar com sua muleta pela aldeia. Foi caminhando pra um lado e para outro e logo encontrou alguém, que se assustou de ver um aleijado com aquela idade a andar por ali, mas considerou que poderia ter sido acidentado, pois perder a perna em acidente não era considerado defeito e não se sacrificava. Aproximou-se e passou a conversar com o menino e assuntar-lhe a origem e assim descobriu de quem ele era filho e se lembrou das artimanhas do seu pai para não mostrá-lo para o povo. Disse então ao garoto que esperasse ali, que ele iria trazer alguem que queria muito conversar com ele. Logo voltou com o chefe feiticeiro da tribo, que lhe perguntou a origem e constatando que fora ludibriado pelo seu pai, para salvar-lhe a vida e então matou o garoto.
        No meio da noite o pai acorda e dá conta do sumiço do filho e sai a procurar. Não demora encontrar com o tal sentinela que lhe diz: --você quer teu filho aleijado? Olha ele aqui! --- e lhe apresenta a cabeça do garoto, contando que o feiticeiro chefe o tinha morto. O pai sabia que usariam seu corpo em magia para tornar aleijados os inimigos. O pai, um homem forte, ferido pela dor, agarrou o sentinela e exigiu que lhe levasse ao feiticeiro e lá chegando matou os dois e resgatou o corpo do filho.
       Voltou para casa, pegou a mulher e fugiram da aldeia. Não faziam mais parte daquele povo. Quem tentou impedir a fuga, foi morto ou ferido, tal a determinação desse pai. Avisou a todos, no meio daquela noite que qualquer um que ele visse daquela nação ele ia matar, então que não o seguissem, porque ele iria pra longe, não mandaria noticias e nem queria noticias dessa nação. O povo, sem o feiticeiro chefe, sem o sentinela, diante daquele guerreiro negro grande e forte, não ousou arriscar a vida e assim  ele e mulher sumiram na escuridão.
        Assim que amanheceu, deliberaram e acharam melhor não fazer perseguição pois o guerreiro já tinha matado alguns e com a raiva que estava, mataria tantos quantos pudesse. Observaram que ele tinha levado o corpo do filho e se ele resolvesse fazer magia contra eles, usando o corpo do próprio filho, teria muito mais força do que qualquer feiticeiro, e poderia aleijar a tribo inteira. Era melhor não provocar, e esperar para que ele sumisse pra bem longe!
        Então esse pai caminhou rápido, levando a mulher e o corpo do filho para bem longe, onde o enterrou e declarou seu propósito  
de fundar uma nação muito especial em sua homenagem.
        Caminharam sem parar e dois dias depois viram fugir deles uma mulher com uma criança albina. Disseram que não temesse e que poderia juntar-se a eles. Sabiam que ela fugia porque o povo lhe roubaria a filho albino para uso em magia negra. Existia a prática do canibalismo, mas eles só comiam carne de gente forte, perfeita, para sugar a energia do corpo forte. Não comiam os corpos de deficientes, mas os albinos eram um caso especia porque acreditavam que era a carne de Oxalá e que dava sorte, riqueza e poder. Albinos eram caçados e partes de seus corpos eram usadas pelos feiticeiros em operações de magia negra, de enriquecimento. Existia um comércio altamente lucrativo de corpos de albinos, e havia caçadores ávidos deles. 
          Juntou-se a eles essa mulher e o filho, e logo ficaram sabendo onde tinham outras mães de crianças albinas fugidas e foram se juntando a elas. Também mães de crianças com defeitos físicos, jovens deficientes fugitivos isolados, e não demorou formaram uma nação, formaram a primeira Nação de Oxalá e isso é fato e não lenda e essa nação se estabeleceu, sobreviveu e ainda existem remanescentes deles atualmente.
          Oxalá é o protetor de todos com defeitos físicos e albinos, sofredores etc. Oxalá é sincretizado hoje com JESUS. A lenda de Oxalá em várias versões é a seguinte: Oxalá é o primeiro filho de Olorum (O Senhor do Céu), que é o Deus único, criador absoluto e origem de tudo e todos. Oxalá foi incumbido por Olorum de criar os seres humanos. Ele os criava, moldando os corpos do lôdo do fundo da lagoa de Nanã, a mãe terra, e depois os deixando a assar no forno. Quando estivessem pretos e bem rígidos, como ocorrem com os tijolos muito queimados, ele lhes soprava o alento da vida e eles se tornavam seres humanos. Dessa forma eram os negros os seres perfeitos da criação. Mas aconteceu que uma vez, o orixá Exu, melindrado por Oxalá se esquecer de lhe fazer oferendas, o enganou e o fez ficar com muita sede e lhe deu vinho alcoólico de palma para matar a sede. Oxalá bebeu além da conta e embriagou-se. Passou a trabalhar ébrio e descontrolou-se no tempo de queima do barro dos corpos, e retirou alguns ainda brancos, outros ainda moles e deformados e pela força de Olorum lhes soprou a vida animando esses corpos defeituosos. Assim que recuperou a lucidez, condoeu-se muito da situação daqueles corpos animados sem estar completamente enrigecidos e então tomou a si o encargo de proteger todos esses em toda a duração de suas vidas, de maneira muito especial!
      Por isso essa nação ficou sendo chamada a Nação de Oxalá!
      -----Já sabe de qual entidade que trabalha aqui, com este médium e com vocês, eu estou falando? 
         ----- não...
         ----- Essa é a história do Erê Tiaguinho, esse menino bem pretinho, que fala com vocês e sabe onde estão todos os seus parentes e amigos que já morreram e voltaram para o mundo dos espíritos. Ele vem nessa energia de criança, mas é um ser muito grande! E também foi muito guerreiro, matou gente também nas guerras etc..Mas é maravilhosamente bom e pleno de luz.
            E não foi apenas essa Nação de Oxalá que ele fundou na África! Ele também conduziu uma cruzada de crianças, antes daquela documentada pela história, eram crianças aleijadas também, abandonadas pelas famílias. Foram todas dizimadas ou escravizadas ao longo do caminho.
           Depois desses eventos, resolveu que nas suas reencarnações não mais se tornaria adulta. Ele viria encarnar e antes dos sete anos ele morreria. Ele faz isso para ajudar os pais, cujos filhos morrem crianças, porque eles ainda tinham dívidas a resgatar por haverem matado crianças e não se arrependido ainda. Precisam sentir a dor da perda para avançar. Dessa forma ele reencarna nessas famílias, e por volta dos sete anos, sem nenhuma doença, sem nenhuma explicação, ele morre. Ou então fica doente sem cura e morre criança. E essa impotência e dor que sentem os pais lhes toca o coração e os faz buscar o caminho de luz, da fé, de Deus, da Paz, do Amor, da Verdadeira Vida.
        Tiaguinho já foi também pai e filho deste moço médium que fala por mim agora. Este moço médium também matou criança em passado muito longiquo...E o Tiaguinho uma vez foi pai dele, morreu e voltou depois como filho dele, ou seja, o neto era a reencarnação do avô! Veio e morreu com sete anos...  
      --- E essa encarnação africana do Tiaguinho ocorreu antes das cruzadas? Há mais de mil anos?
     ---- Aconteceu antes das cruzadas, mas aconteceu depois da vinda de Jesus, porque quando Jesus veio, a aura do planeta se limpou muito! Ele encarnou na Judeia, mas muitos outros espíritos da elevada esfera dele encarnaram em muitos lugares do planeta para levar a sua mensagem em outras linguagens, em outras culturas e tradições, mas com seu espírito de Verdade e de fé. Muitos encarnaram na África, outros no Oriente, outros entre os índios, outros na China. A palavra e o espírito de vida foi levada para toda a Terra, de muitas maneiras, porque Deus é o Ser Total e não desampara ninguém e dá oportunidade a todos, seja qual for a cultura, religião ou tradição!

Nenhum comentário:

Postar um comentário