Exu Sete Chamas

 

A finalidade da Lei não é o sofrimento, e sim o aprendizado. Ao trabalhar pelo Bem, a Ordem e a Harmonia, o espírito terá tempo de solucionar com tranquilidade os equívocos aos quais se entregou em seus excessos quando encarnado. (Do livro Aruanda)

Um Exu da falange chamada "Sete Chamas", do Ponto Sete Chamas onde são tratados aqueles que morrem queimados, lá são orientados e desempenham trabalhado edificante. 

 Sobre suas encarnações ele conta o seguinte:

Sua última encarnação terminou em 1974. Nasceu em 1940 no estado de Pernambuco, veio para a cidade de São Paulo, já com o propósito de roubar carros. Nunca teve um carro em toda a sua existência, mas roubara muitos associado com outros ladrões. Uma vez fizeram roubos em grande quantidade e seus colegas, para não dividirem com ele, prenderam-no em um "corcel" e atearam fogo. Ele ainda viu pelo espelho interno as chamas o consumirem. Morreu queimado e retornou ao "ponto" de Exu de onde viera, chamado por isso de ponto "Sete chamas".

Em outra ocasião explicou melhor sua encarnação como ladrão de carros. Nascera no estado de Pernambuco, tendo sua mãe engravidado após sofrer um estupro. Vergonha e ódio marcaram seu   nascimento. Sua mãe não o queria e o culpava por sua desdita. Então ela conseguiu casar-se. Ele andava sumido e apareceu em casa, mas o marido da mãe o expulsou definitivamente. Não voltou mais pra casa. Sua família era o povo da rua, os ladrões etc., e resolveu vir pra São Paulo para roubar carros, isso nos anos 60. 

Gostava de dirigir carros, roubou muitos, mas nunca teve um carro próprio. Uma vez fizeram um roubo grande e os colegas ladrões não quiseram dividir com ele. Colocaram-no dentro de um carro corcel e atearam fogo. 

Contou também sobre outra encarnação: Viveu em Portugal como padre, na cidade de Fátima, nos tempos da inquisição. Fátima não tinha a mesma importância de hoje. Era padre em uma igrejinha pequena e a própria cidade era muito pequena.  Nessa época os fidalgos da terra comerciavam além mar e ausentavam-se até por dois anos de suas famílias durante essas empreitadas. Quando viajavam, na cidade ficavam apenas os velhos, as crianças, as mulheres e o padre. E ele era um padre jovem e bem afeiçoado. As mulheres o assediavam e não foi possível para ele resistir. Teve muitos casos com mulheres casadas com os fidalgos. Mas uma delas o procurou insistentemente quando o marido já estava na cidade. Ele não resistiu e logo deram com a lingua nos dentes para o marido. Este, fidalgo da cidade, exigiu reparação ás autoridades eclesiais e então convocaram a Inquisição. O julgaram e condenaram feiticeiro em seduções. Ele confessou logo as relações porque as torturas eram apavorantes, e ele já sabia que o julgamento era apenas de praxe, pois sua condenação já estava decidida. Com sua confissão também as mulheres sofreram pois foram assassinadas pelos seus maridos.  A condenação era pronunciada  por prelados designados para isso, e um destes prelados era o médium que lhe emprestava a voz agora. Ele disse que tambem ficou sabendo que esse inquisidor era contra a condenação, mas se votasse contra, com certeza seria ele tambem queimado pela inquisição.

Em 24 de Março, após Encerramento do Evangelho, veio seu Sete Chamas.

( Relembrando, seu Sete Chamas depois de trabalhar algum tempo, recebeu uma conta branca no seu colar preto e vermelho. Isso quer dizer que ele progrediu um degrau. No final do ano passado ele já havia subido para a "direita", embora ainda se apresente como "da esquerda", mas agora tem colar com muitas contas brancas e se apresenta de branco.)

        Seu sete chamas tem vindo quase todas as vezes que o medium incorpora, nesta quaresma. Ele se interessou muito por um trabalho a ser feito para uma pessoa vizinha, para parar de beber por causa de uma infelicidade conjugal. A pessoa é um homem de cerca de 40 anos, boa pessoa , e não sabe que está sendo beneficiado. É um presente que ele recebe. O plano do seu sete é que ele fortaleça a auto estima e supere o mal estar de agora, quer até que uma "pombo gira" arranje uma boa companheira para ele, e que se não largar totalmente de beber, pelo menos só beba para alegrias de vez em quando.

        Perguntei ao seu Sete se eu estava obrigado sofrer como professor mal pago e aturar alunos maus, para resgates, para não sofrer posteriormente no mundo espiritual. Ele respondeu que esse pensamento é errado e que se eu persistir nele, vou sofrer ainda mais no mundo espiritual, porque não deixa de ser um sentimento egoista. O sofrimento existe para fazer com que voce se liberte dele da melhor maneira e não para se mortificar, porque isso é comodismo e não é evolução. Disse que devo procurar me libertar sim desse sofrimento de alguma maneira, até mesmo de largar essa atividade que já nada acrescenta. O mesmo deve dar-se o aturar pessoas da família. Procurar a maneira de resolver o sofrimento e não ficar sofrendo passivamente. O sofrimento cármico é aquele do qual voce não consegue se livrar, que voce não tem opção, como a escravidão ou doença.  E mesmo assim, a esperança da liberdade e cura devem ser alimentadas.

      

       Sobre as relações de casamento entre espíritos, é totalmente diferente do que ocorre na encarnação. Prevalece as harmonias e ocupações do pensamento, sem nada de material. Separam-se também, para seguirem rumos diferentes, e nessas ocasiões ocorre uma festa e nada de tristezas.

        

Em 27 de Abril em um sábado em uma festa de Ogun em casa, veio seu Sete, agora "na direita", se adaptando, e comentou sobre a falta de energia que sentem os espíritos, como havia contado o Bahiano Toninho. Explicou que quando se faz o mal na encarnação, rouba-se energia das pessoas e isso drena a própria energia de quem o faz. Quando desencarna, sente em si a falta de energia que subtraiu dos outros. Caem para lugares frios, sem vida e sem água. Disse que no seu "ponto" tem muito calor, e mesmo assim tem espíritos que querem mais calor ainda para sentirem se aquecer. Quando algum espírito começa a sentir calor alí, já está na hora de ele sair de lá. Outros querem dormir muito. Outra coisa que dá energia é o alcool, a cachaça e o elemento que mais energia fornece é o sangue. Mas não precisa nada disso, pois é só fazer caridade que a energia aparece, e alimenta. Quem doa, recebe muito mais. 

Dia 02 de Junho de 2013  Domingo após o Evangelho no Lar

DEIXE QUE OS MORTOS ENTERREM SEUS MORTOS

         Veio "Seu" Sete Chamas e fez uma palestra informal até exatamente meia noite. Apenas eu e a Grace, minha esposa, eramos os ouvintes.

         O tema lido do "Evangelho Segundo o Espiritismo" foi sobre a passagem evangélica em que um jovem pede a Jesus para segui-lo e pede permissão para antes de acompanhá-lo fazer o enterro do seu pai, ao que Jesus responde: "Deixe que os mortos enterrem os seus mortos, mas a você vai e anuncia o Reino de Deus".

    Falou-se sobre o que queria Jesus dizer e considerou-se pelo livro que Jesus falava que em primeiro lugar vem a Vida do Espírito, e a vivência humana, suas paixões, apegos e medos devem submeter-se à vida do Espírito que é o que cria, que conforta e liberta.

       "Seu" Sete observou que é necessário o sepultamento ou incineração, pois um corpo morto pode matar outro corpo pela contaminação. E também a cerimônia funebre é proveitosa para o espírito, para que ele avalie os afetos que ficaram ou o valor em que era tido quando encarnado. Também comentou que poderia ser lembrado o fato de que são os mortos que cuidam dos mortos, ou seja, os desencarnados é que recebem e cuidam da entidade que desencarna. Muito feliz é o espírito a quem é permitido assistir seu proprio velório e daí verificar realidades que não conhecia antes e também desligar-se. Contou que quando o espírito não assiste ao seu prorpio feretro, eles contam para ele depois como foi e até mostram imagens dele. E isso é muito edificante para vencer os grilhoes do ego.

        A Morte é uma democracia perfeita que respeita a individualidade. Cada pessoa tem uma experiência exclusiva na morte, diferente de outra pessoa. E mesmo nossas mortes através das encarnações são experiências completamente diferentes. Contou que morreu queimado pela inquisição sentindo-se um herói pelas suas ousadias, e menosprezando seus julgadores, mas quando morreu queimado dentro de um carro, pelos seus colegas ladrões que não queriam dividir o roubo, já pensava diferente. Não sentiu ódio dos sequazes ladrões que o trairam, mas considerou a grande bobagem em que empregara sua encarnação, em roubar carros. Considerou que não faltaram avisos e conselhos e que poderia ter se reconduzido melhormente. Já havia avançado em moral. 

        Assim, os mortos recentes são tratados pelos mortos mais antigos e equilibrados no mundo espiritual. É a maneira natural e honesta da vida. 

        No seu ponto de "Sete Chamas" ele é chefe, mas tem outros mais elevados do que ele e que ocupam as posições humildes, nos finais das fileiras...mas lá eles sabem que é assim. Na matéria os ministros e chefes de religiões se julgam superiores aos outros, mas é pura ilusão, pois os mais elevados são sempre os mais humildes e anônimos. Os exus guardiões comandantes dos seus pontos sabem que não são mais elevados do que seus servidores mais humildes e anônimos. Têm o ego forte, sabem disso e continuam dessa forma, mas agora empregando essa energia de maneira edificante, na gestão dos mais duros trabalhos espirituais.

       

AS MANIFESTAÇÕES:

  

      Ele perguntou: "Quando vocês fazem reuniões e vão incorporar, sabem que aquele guia chamado sempre vai se manifestar. O que ensina o cardecismo sobre isso?"  Respondi que a doutrina espírita esclarece que aquele espírito chamado pertence a uma Ordem espiritual, e qualquer espirito individual nesse grau e associado a essa ordem pode atender como se fosse um só. Na umbanda chama-se falange. "

Ele confirmou que é assim e até contou que já vários espíritos da sua falange o substituiram quando ele não podia ali estar. Eles formam uma equipe e estão sempre em comunicação, mas pode-se notar algumas modificações no comportamento de "um determinado" guia, nos detalhes diferentes de algumas histórias etc., e eles apresentam a desculpa de que se esqueram dos detalhes etc., quando na realidade, o "seu Sete" que fala agora, não é o mesmo "seu Sete" qua falava outro dia. Ou então quando é perguntado ele se detem antes de responder, como se estivesse rememorando e na realidade ele está se comunicando com o outro "seu Sete" que contou tal história.  Num mesmo trabalho, por exemplo, numa festa de ciganos que aconteceu em casa dia 30 de maio, o cigano Gonzales que comandou a festa o tempo todo, foi representado em algumas vêzes por três individuos-espíritos diferentes, parecendo ser uma só pessoa o tempo todo. E também pode ocorrer a manifestação cruzada, com dois espiritos manifestando-se ao mesmo tempo, e parecendo um só. Isso tudo escapa à nossa compreensão e é feito em ordem.      

ONDE ESTÁ A JUSTIÇA DE DEUS?      

    Por exemplo, ladrões invadiram o consultório de uma dentista e por ela não ter mais de 30 reais em sua conta, atearam fogo ao seu corpo e ela morreu queimada. Os ladrões eram menores de idade e não podem ser apenados. Da mesma maneira um muito conhecido político coleciona falcatruas e continua a ser prestigiado no plano nacional. Pergunta-se: Onde está Justiça de Deus?

   Pergunte ao espírito da dentista queimada e ela confirmará que a Justiça de Deus é boa e perfeita e lamenta muito pela sorte dos assassino e políticos impunes. 

QUEM JÁ SOFREU CONFORTA MELHOR

    Vão para o Ponto de "Sete Chamas" espíritos que desencarnaram ao ter o corpo queimado. São ali tratados e esclarecidos, até mesmo  em regiões mais elevadas os guardiões do ponto do "seu Sete" são requisitados para dar fortalecimento. So "subirem" esses exus guardiões têm de ter um comportamento mais contido e educado do que têm no seu ponto. Só quem teve a morte pelo fogo entende conhece a energia do fogo e pode transmitir segurança ao recém desencarnado pelo fogo. por exemplo: Se alguém perde um braço, e, claro, sofre ao saber que terá de viver o resto da vida sem o braço, será trazido com mais facilidade ao equilíbrio emocional ao receber atenção com naturalidade de outro que também perdeu o braço e superou o trauma.  

DORMIU BASTANTE

    Uma vez perguntei ao "Seu Sete" se ele teve outra encarnação entre a aquela que veio como padre que foi queimado pela Inquisição, talvez século XVII, e essa última, que terminou em 1974.    Ele respondeu que não, porque ficou muito tempo dormindo. Então confidenciou que não apenas se relacionou com as mulheres dos fidalgos que viajam, mas que também prejudicara mulheres virtuosas que não se curvaram às suas investidas. Nesse caso, ao se ver preterido, contou que tinham se relacionado com elas, e seus esposos as justiçaram. Isso eu não contei pra voces não é? Mas isso foi criminoso e me custou muito sofrimento no umbral. Muito pesadelo. 

    Acredito que ele tenha contado essas mentiras por ocasião de sua tortura, movido pela dor, pelo ódio e pelo despeito. Mas não fiz essa pergunta a ele ainda, e talvez nem faça.     

  

12 DE SETEMBRO DE 2013

     Por volta das 23 horas, ao chegar do trabalho na escola, o "Seu Sete" me aguardava. Esperei você chegar pra me ajudar a entender a razão de os guardiões do centro -- centro espírita kardecista, onde o médium faz o curso básico -- não me permitirem a entrada desta vez. No primeiro dia permitiram, mas eu estava muito visível e a professora, ou pomba gira dela, me viu. Parece que ela não gostou. Interessante é que permitem a entrada de muitos espíritos obsessores em plena agressão às suas vítimas, outros em estado muito lamentavel e me disseram que minha aparência -- de caveira queimando-- incomoda. Eu argumentei que trabalho muito no cemitério e essa é a aparência que menos assusta lá, pois tenho de me aproximar de espíritos perdidos que têm aparência muito "descuidada". Mesmo assim não me atenderam. São guardiões com muita força. O "Seu Mata Virgem" entrou com aquele enorme cocar, eles não impediram. Parece que a pessoa que ministra a aula não gostou dos questionamentos que o filho fez, em parte sugeridos por mim.
     Como não sabia o que responder, apenas contei a história de Alan Kardec, o qual era nascido na França católica e foi estudar na Suiça protestante, e teve de suportar muita discriminação devido à sua origem nacional católica. Concluiu o curso na Suiça, e quando voltou para a França para trabalhar, teve de enfrentar discriminação por haver estudado e se formado em um país protestante.  E a foi rapida e fica registrada, assim como a intenção do "Seu Sete" de procurar outro meio e outros argumentos para convencer os guardiões e frequentar as aulas com o seu médium.